Pra se acabar no chão.





quarta-feira, 5 de maio de 2010

Manifesto superficial

A palavra de hoje é SUPERFICIALIDADE. Não sei o porquê. A gente estuda tanto a teoria que não se dá conta quando é vítima na prática. Descobri que fui comunicada.

(Andy Wahrol, o vanguardista da cultura pop, está em exposição aqui em São Paulo. Como quem não quer nada, espiei. A revolução de Wahrol não se dá pelas obras em si, mas pelo que elas profetizam: a mentalidade do século XXI.)

Wahrol: “Se você quer saber tudo sobre Andy Warhol, é só olhar para a superfície: das minhas pinturas, dos meus filmes e de mim, eu estou lá. Não há nada por trás disso.”

O que é a superficialidade da nossa era? Estamos numa época em que as pessoas não conseguem ser mais profundas (ou “não conseguem mais ser profundas”?). Desde o início de sua vida em sociedade o homem cria um personagem de si mesmo para apresentar aos outros. Mostra sua superfície, mostra sua casca, mas não se revela. Aos poucos, deixa emergir um pouco de si a uns poucos sortudos. Mas nunca se mostra como é a ninguém, nem a si mesmo.

Passou a acreditar tanto em sua máscara que perdeu a convicção de sua essência. Seus alicerces individuais começam a rachar, até que sobra uma poeira cinzenta de coletividade. Os outros nos amedrontam tanto que não queremos que eles nos conheçam (ou será que nós nos amedrontamos a nós mesmo?). Não entendo por que coletividade é sinônimo de superficialidade. Será que se nos revelássemos tais como somos seriamos incapazes de nos suportar, de conviver?

Reflexão, admissão. Sou superficial. Todos nós somos. E vivemos bem assim. A que ponto chegamos, não?

2 comentários:

Saran disse...

A palavra "comunicou" ficou triste ae (ciro mode on) e tá longe de qualquer referencia ao ato sexual (ciro mode off)
Fora isso...até legal o texto
Mas gostei bem mais do disritmia (acima)...o fluxo de consciencia soa bem mais sincero
bjo

Rafael Carvalho disse...

"Será que se nos revelássemos tais como somos seriamos incapazes de nos suportar?". muito bom mari, mesmo.