Pra se acabar no chão.





sábado, 17 de julho de 2010

O sistema está temporariamente indisponível

O sistema está todo errado. E eu estou fora do ar.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Volta

Todos os defeitos da minha existência parecem querer se mostrar, ao menos para meu pensamento, nesta tarde ensolarada de quarta-feira.
Lembranças são más, com seu cheiro macio, são capazes de perturbar qualquer ser humano em perfeito estado de espírito. Lembro-me de como era certo e seguro, tudo.
Se o passado pudesse voltar, talvez todos os defeitos da minha existência não fossem tão exibidos.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

nãolembrar

Às vezes penso que é melhor não pensar.
Esquecer.
Talvez seria como passear aos domingos sem prestar atenção no azul do sol, na cor do céu.
Uma emoção vazia.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Já tardou nosso tempo

Fica, meu amor, é cedo.
Ainda é tempo, ainda há tempo, vamos fazer nosso tempo.

Você não vê que o tempo é nosso? E há tempo, e é tempo de gritar.
Está tudo a nosso favor, mas você parece não ver. Ou não quer ver?
Pode soar saudosista. E talvez seja mesmo saudade. Saudade do que não somos, do que poderíamos ser.
É porque antes cantávamos, mesmo sem poder cantar.
É como se tudo perdesse a graça depois da conquista.
É que não compreendemos que há mais para ser conquistado. Muito mais.
Com tudo na mão, nas nossas vidas prontas, nada temos para aprender, não precisamos.
Sempre pudemos pensar, aposto que pensamos muito sobre tudo. Calamo-nos, pois.
É porque é tão fácil se deixar embalar nessa corrente, nessa corrente de indiferença, de apatia, de olhos fechados, de coração sereno, porque não há com o que se preocupar.
Não há nada que possamos fazer, não há. O mundo está bom para mim, e é assim que vou seguir, nessa corrente, impassível, impossível sonhar ser melhor do que já sou, tudo está bom pra mim.
Lamento, de longe, que haja alguns defeitos, para alguns é tempestade, para mim é calmaria. Por isso, vou seguindo nessa corrente, sem questionar, sem provocar.
Deixe que alguns tentem, incansáveis, gritar. Eles são tolos e retrógrados.

Vai, meu amor, é tarde.
Eles sabem que é tempo, que há tempo, eles querem fazer nosso tempo.
Mas o tempo não pára de correr.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Versinho

Te adoro em segredo
pelo nós que não sonhas
É cedo.
Te amo em olhares
pelo nós que começa;
é doce e azul.
Te quero em ardência
de um nós descoberto
Desejo.
Te tento; e lamento:
o nós se esvai
com o tempo
Te falto sem importância
por hora.
Agora, te choro em segredo, é medo
O nós já passou.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Disritmia

Não sendo, apenas indo. O sol maltrata meus olhos, meu corpo, queima. Queima e ao mesmo tempo agrada. Agrada-me que eu ainda tenha forças para sentir o sol. Força apática, força passiva, uma força força. Decepção, talvez; não, era sonho; agora é sonho real, mas ainda é sonho. Parece brincadeira, mas é sonho. Parece distante o destino, sonho.
Escapa-me.
Fraqueza, força, força, impotência, fraqueza; perdido, já foi o tempo; danos, enganos.
Escapa-me.
Escapam-me a vontade, a ação, a coragem; cadê? Sonho.
Nostalgia, passado e futuro. O presente escapa-me (penso no que vou fazer amanhã, mas o agora me escapa). As chances me escorrem pelas mãos.
O que eu era, o que eu sou, quem quero ser? Não sei do que gosto (do que quero gostar?). Nada é certeza, tudo é sonho; sonho incerto.
É deserto dentro de mim e à minha volta, mancha de realidade, borrão, cinza. Muito cinza, pouca nitidez. Sede de querer. Eu quero, quero o quê? Maldita transitividade.
Pessoas com seus cotidianos medíocres; não sabem que eu não as vejo. Eu não as quero.
Nostalgia, passado, faltas, multas, muitas, muito, infinito. Quando? Perdido.
Apenas indo, embalada; no ritmo da vida, não sendo. Disritmia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Manifesto superficial

A palavra de hoje é SUPERFICIALIDADE. Não sei o porquê. A gente estuda tanto a teoria que não se dá conta quando é vítima na prática. Descobri que fui comunicada.

(Andy Wahrol, o vanguardista da cultura pop, está em exposição aqui em São Paulo. Como quem não quer nada, espiei. A revolução de Wahrol não se dá pelas obras em si, mas pelo que elas profetizam: a mentalidade do século XXI.)

Wahrol: “Se você quer saber tudo sobre Andy Warhol, é só olhar para a superfície: das minhas pinturas, dos meus filmes e de mim, eu estou lá. Não há nada por trás disso.”

O que é a superficialidade da nossa era? Estamos numa época em que as pessoas não conseguem ser mais profundas (ou “não conseguem mais ser profundas”?). Desde o início de sua vida em sociedade o homem cria um personagem de si mesmo para apresentar aos outros. Mostra sua superfície, mostra sua casca, mas não se revela. Aos poucos, deixa emergir um pouco de si a uns poucos sortudos. Mas nunca se mostra como é a ninguém, nem a si mesmo.

Passou a acreditar tanto em sua máscara que perdeu a convicção de sua essência. Seus alicerces individuais começam a rachar, até que sobra uma poeira cinzenta de coletividade. Os outros nos amedrontam tanto que não queremos que eles nos conheçam (ou será que nós nos amedrontamos a nós mesmo?). Não entendo por que coletividade é sinônimo de superficialidade. Será que se nos revelássemos tais como somos seriamos incapazes de nos suportar, de conviver?

Reflexão, admissão. Sou superficial. Todos nós somos. E vivemos bem assim. A que ponto chegamos, não?